terça-feira, 11 de outubro de 2011

Secretaria da Educação informou que as escolas terão autonomia para elaborar o seu próprio calendário

 clima era de expectativa e muitas dúvidas para os alunos da rede estadual de ensino, que retornaram às aulas ontem, após 63 dias de paralisação por causa da greve dos professores. São muitos os questionamentos. Como será elaborado o calendário de reposição? Se terão aulas nos sábados? Se as férias serão comprometidas? Outro motivo de preocupação é com a possibilidade de os professores retornarem a greve, o que poderá ocorrer caso as negociações com o governo não avancem.

De acordo com a Secretaria da Educação do Ceará (Seduc), as escolas terão autonomia para elaborar o seu próprio calendário de reposição, pois, como existe uma diferença no número de dias parados, a Seduc não tem como lançar calendário único. Para os alunos do 3º ano, todas as atenções estão voltadas para o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), que será realizados nos dias 22 e 23 de outubro.

Na Escola de Ensino Médio (EEM) Governador Adauto Bezerra, no Bairro de Fátima, mesmo com a greve, os alunos do 3º ano continuaram tendo aulões reparatórios para o Enem.

Humberto Mendes, diretor da unidade, diz que a expectativa é que as aulas sejam intensificadas nessa reta final, com uma programação bem focada para a prova. Com relação ao calendário de reposição, ele adianta que será feita readequação em cima do calendário proposto anteriormente pela Seduc e que ainda será debatido a opção de ter aulas nos sábados. "Esperamos que as negociações avancem e que os professores se sintam motivados, senão, o processo vai ficar muito complicado".

Na Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Estado do Pará, na Aerolândia, os 980 alunos passaram 29 dias sem aulas, mas a diretora da unidade, Socorro Monteiro, ainda não recebeu nenhuma orientação da Seduc sobre como será o calendário de reposição das aulas. Apesar de a suspensão da greve ter sido amplamente divulgado pela mídia, ela conta que, ontem, muitos alunos ainda não tinham retornado às aulas. "Todos os professores vieram, mas os alunos estão retornando aos poucos das ´férias´".

O estudante da 8ª série, Leonardo Marley da Silva, 16 anos, fala que é contra a greve, porque prejudica os alunos. Ele relata que sua única preocupação nesse momento é que os professores entrem novamente em greve. "A professora avisou que, se o governador não resolver a situação, eles voltam à greve". A aluna da 8ª série, Nordélia de Sousa Nogueira, 14 anos, também é contra a greve, pois os jovens ficam sem estudar.

Já a estudante do 2º ano, Elyviane Lima Bezerra, 16 anos, é a favor da greve. "O governador tem de abrir os olhos e investir mais na educação, na escola pública, porque, ao contrário do que muitos dizem, ela presta sim. Os professores estão certos em lutar pelos seus direitos", defende. Ela conta que os alunos apoiaram tanto os professores, que muitos participaram dos protestos, como forma de reforçar o movimento.

Durante os últimos 63 dias, Elyviane não teve aulas, sua preocupação agora é com as notas e o conteúdo, que deverá ser bem dado. "Estamos aguardando a posição do colégio para saber se teremos aulas nos sábado, sou a favor que tenha".

Rogério dos Santos, professor de Física, lembra que a greve não acabou, foi apenas suspensa. "Os professores resolveram dar um crédito ao sindicato para que, ao longo de30 dias, haja um acordo entre as partes, e os professores possam receber o piso repercutindo na carreira".

Preocupações
Daniela Ferreira Gomes, professora de Língua Portuguesa, acredita que a greve foi válida e diz que espera que o governo cumpra o que prometeu e dê continuidade às negociações. "Queremos que seja cumprida uma lei federal", afirma.

A estudante do 3º ano, Bruna Santos, 17 anos, diz que é a favor da greve dos professores. "Eles estavam lutando pelo direito deles e, mesmo em greve, continuaram dando total suporte aos alunos".

Sua preocupação é que, mesmo que consiga aprovação no Enem, ela terá de continuar indo à escola, para cumprir o calendário letivo.

PROTAGONISTA
Apoio ao professor
Ana Karine Freitas Fonseca
Apesar dos 63 dias de greve, a estudante do 3º ano da Escola Adauto Bezerra, Ana Karine Freitas Fonseca, 17 anos, afirma que sempre apoiou os professores e participou de alguns protestos, como no desfile de 7 de Setembro, na Beira-Mar. "Mesmo estando em greve, eles sempre nos apoiaram, diziam que a gente é capaz". A poucos dias do Enem, a estudante conta que, logo depois, começam os preparativos para o vestibular da Universidade Estadual do Ceará. Em seguida, a preocupação é em passar de ano. Ela deixa claro que o seu foco é o Enem.

NEGOCIAÇÕES
Reunião define datas e comissões
Em menos de 30 dias, duas comissões formadas por representantes da Associação dos Professores de Estabelecimentos Oficiais do Ceará (Apeoc), representantes do Governo do Estado e técnicos especialistas em plano de carreira e orçamento público podem redefinir os caminhos da educação no Estado.

Isso porque, em uma reunião realizada, ontem, no Palácio da Abolição, foi estabelecido um calendário de reuniões que será realizado por dois grupos em datas diferentes: uma comissão formada por 16 membros, sendo oito do governo e oito da Apeoc, se reunirá duas vezes por semana, com o objetivo de gerar demandas para uma comissão técnica, a qual será formada por dois técnicos da Secretaria de Educação do Estado (Seduc) e dois da Apeoc.

Segundo Reginaldo Pinheiro, vice-presidente da Apeoc, a comissão técnica irá avaliar pontos como quantidade de professores atuando em sala de aula, quantidade de professores aposentados, quantos têm graduação, pós-graduação, ou outros cursos, qual o nível dos salários, entre outros. Além disso, a comissão terá acesso ao orçamento da educação e até a folha de pagamento. "A partir dessa iniciativa, teremos uma maior transparência na educação do nosso Estado. Além do que, vamos poder saber de fato para onde e como o dinheiro está sendo investido na educação do nosso Estado. Diante disso, podemos exigir mudanças mais concretas", ressalta o professor Reginaldo Pinheiro.

Conclusões
Ainda conforme o vice presidente do sindicato Apeoc, que também fará parte da comissão técnica, a reunião teve um reflexo bastante positivo, e a expectativa é que antes dos 30 dias, prazo estabelecido para término das negociações, todas as propostas sejam discutidas e definidas pelas duas comissões. Segundo ele, no próximo dia 11 de novembro, haverá uma assembleia geral para apresentar as conclusões finais dos trabalhos realizados pelas comissões.

Ainda conforme Reginaldo Pinheiro, a respeito das negociações sobre a nomeação dos professores que passaram no concurso do Estado, o governo prometeu celeridade.

CONTEÚDO
Fascículos do Diário sobre Enem ajudam estudantes
Para não comprometer os preparatórios para o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), uma alternativa aos alunos da rede estadual de ensino foi acompanhar os fascículos do "Diário do Nordeste no Enem". Foram, ao todo, 16 fascículos, o primeiro publicado no dia 9 de junho e, o último, no dia 22 de setembro.

Para ter acesso aos fascículos basta acessar o site www.diariodonordeste.com.br/enem - além de todo conteúdo, o estudante poderá fazer ainda simulados do Enem. Durante esse período de greve, outra alternativa aos interessados em focar os estudos foi participar dos aulões e simulados organizados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Universidades Federais no Estado do Ceará (Sintufc-CE). Francisco Castro, coordenador de Educação e Cultura do Sintufc, dá algumas dicas para quem vai fazer a prova nos dias 22 e 23 de outubro.

A primeira delas é fazer algo que pouca gente faz: ler o edital. Castro frisa que é importante que os estudos sejam direcionados para a aplicabilidade das questões que serão empregadas. A principal iniciativa, no entanto, lembra o professor, é estudar muito.

LUANA LIMAREPÓRTER
retirado de diário do nordeste on line em 11/10/2011

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