quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Prof. Francisco Duarte

Gente, acredito sim, que devamos fazer algumas análises sobre a greve dos militares e traçarmos um paralelo com os dois últimos movimentos paredistas da nossa categoria. Primeiro - As associações representantes dos militares tiveram coragem, verdadeiramente, de mobilizar os seus membros e de se insurgir contra as forças opressoras. O nosso sindicato, uma boa parte da diretoria, é atrelada a políticos(leia-se deputados) que são da base do governo. Que autonomia ou independência tem o sindicato para colidir, quando preciso, com os representantes do governo? Segundo - Um ponto fundamental foi a coesão, a sapiência e a organização dos militares. Eles entenderam que não existe a figura da meia-greve( ou 100% ou nada!). Os nossos movimentos foram enfranquecidos pela falta de solidariedade, de maturidade política e, principalmente, por muitos colegas acreditarem que são classe média e que não são proletários da educação! Aliás, teve até alguns e algumas que se submeteram ao esdrúxulo papel de saírem do interior e irem à capital votarem contra si mesmo! Quando depois, jocosamente ou não, o próprio Cid Gomes disse que os professores e professoras estavam certos em lutar por melhorias salariais. Como queremos ser tratados depois de comportamentos tão resignados e servis por parte de muitos membros da nossa categoria? É como diz o adágio popular: "Quem muito se abaixa, se rebaixa". Terceiro - Não houve, por parte dos militares, num momento tão crucial, a hipocrisia de dizerem que estavam preocupados com a segurança dos cidadãos( não cabe aqui dizer se certo ou errado). Eles vislumbraram, pelo menos naquele momento, reais possibilidades de melhoria nos padrões de vida dos seus familiares. Por outro lado, muitos colegas do magistério alegam não participarem dos movimentos paredistas por se preocuparem com a situação dos alunos, para não prejudicá-los. Concordamos que devemos ter bastante compromisso e responsabilidade, até para termos respaldo perante à sociedade. No entanto, esse discurso não seria uma dissimulação? Uma máscara? Uma comodidade? E quem se preocupa com as condições aviltantes de trabalho e de vida que temos? Quarto - É bem verdade que o poder de negociação dos militares em greve foi bem  mais forte em comparação a outros movimentos, até porque o conjunto da população é afetado, desde os mais pobres até os mais abastardos. Porém, se tivéssemos paralisado as escolas profissionalizantes, teríamos conseguido mais força no processo de negociação. Digo isso porque  os empresários não aceitariam esses estabelecimentos paralisados por 63 dias, como foi o caso das escolas regulares. Essas escolas estão a formar mão-de-obra barata para empresas já estabelecidas e outras em processo de implantação. Elas deveriam ter sido um dos focos principais dos nossos movimentos! Por que não atentamos para esse fato? Como essa situação passou até desapercebida? Deveríamos ter sido mais incisivos!Enfim, até quando continuaremos a achar que é assim mesmo? Que não tem jeito? Quais seriam as nossas estratégias daqui em diante? Prof. Francisco DuarteCrato-CEPS: O governo Cid respeita tanto a nossa categoria que está descontando R$ 95,00 do nosso  valorizado salário!Na primeira noite, eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim: não dizemos nada.Na segunda, já não se escondem. Pisam as flores, matam o nosso cão e não dizemos nada.Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.E já não podemos dizer nada.Maiakovski

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